Pequenos negócios são instrumento de justiça social nas compras públicas

Artigo do presidente do Sebrae, Décio Lima, defende a ampliação da presença das MPE nas compras púbicas governamentais

O presidente Lula firmou um pacto com a sociedade brasileira: colocar o povo de volta no orçamento público. Depois de um período crítico, o país está reencontrando o caminho do desenvolvimento com justiça social. O sucesso das novas medidas de inclusão anunciadas depende, entretanto, da retomada do nosso crescimento econômico dentro de um modelo menos concentrador.
Pequenos negócios são instrumento de justiça social nas compras públicas Nesse processo, o papel das micro e pequenas empresas é crucial. Elas representam hoje 99% de todos os CNPJ; têm gerado, em média, cerca de 7 em cada 10 novos empregos e contribuem direta ou indiretamente para a vida de 85 milhões de pessoas. Contraditoriamente, a importância das MPE ainda não se traduz em uma participação proporcional no PIB brasileiro. Juntas, elas respondem por aproximadamente 30% de todas as riquezas produzidas no país. –
Para mudar essa realidade, o presidente Lula quer usar um dos mais poderosos instrumentos indutores do desenvolvimento: as compras públicas governamentais. Anualmente, os entes federativos (União, estados e municípios) movimentam, juntos, 10% do PIB na aquisição de produtos e serviços. Um recurso que poderia aquecer muito mais a economia se as negociações fossem feitas de uma forma mais descentralizada.
– Mas a verdade é que quase 70% de todo esse recurso está concentrado em aquisições feitas junto a grandes empresas. As compras públicas podem transformar a realidade das MPE e de toda a comunidade no seu entorno. Esse modelo representa para o segmento a garantia de recebimento, previsibilidade de oportunidades de negócio e mais estabilidade. Para as populações locais, a medida se traduz em uma economia aquecida, além de mais oportunidades de emprego e renda. A defesa dessa política pelo governo federal vem sendo afirmada reiteradamente. Um dos últimos episódios se deu quando o presidente Lula abordou as negociações feitas com a União Europeia e que esbarraram exatamente na importância de proteger e ampliar a participação das micro e pequenas empresas nas compras governamentais. O peso atual (30%) é injusto com o papel econômico e social das MPE na vida do país. Nesse sentido, o Brasil já conta com modelos consagrados. A política de aquisição da merenda escolar na rede pública de ensino é o maior exemplo disso. Ao priorizar as compras locais junto a pequenos produtores, os entes públicos fortalecem a economia dos municípios e contribuem com a divisão das riquezas, respeitando – inclusive – as características culturais de cada região. O Sebrae apoia essa política e vem atuando na defesa desse espaço para as MPE. O “Transformar Juntos”, seminário que a instituição realiza em agosto é um convite à sociedade brasileira para esse debate em busca da construção dessa mudança. Temos convicção que um novo modelo de desenvolvimento é possível. Depende do nosso ativismo e compromisso com a transformação.   por ASN Nacional

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