Cidadania financeira – direitos e deveres das pessoas em relação ao dinheiro
Banco Central (BC) criou o conceito de cidadania financeira para gerar entendimento sobre os aspectos que impactam a vida financeira das pessoas, ajudando na gestão do dinheiro.
Por Diogo Angioleti
Para ajudar nessa tarefa, o Banco Central (BC) criou o conceito de cidadania financeira para gerar entendimento sobre os aspectos que impactam a vida financeira das pessoas, ajudando na gestão do dinheiro. Mais que uma meta de Estado ou de organizações financeiras em todo mundo, cidadania financeira tem um objetivo muito simples: fazer com que todos tenham uma boa relação com seu dinheiro. E isso é fundamental para a formação de uma sociedade mais consciente e responsável em relação ao dinheiro.
Existem dois elementos fundamentais quando falamos de cidadania financeira. O primeiro é compreender que o conceito engloba o cotidiano das pessoas, desde entender as transações, meios de pagamentos e produtos financeiros. Logo, se a relação das pessoas com dinheiro é relevante em uma sociedade, a “CIDADANIA” precisa ter em seu aspecto, os direitos e deveres dos cidadãos quando o assunto é a gestão de finanças pessoais e familiares.
Quem tem uma boa relação com seu dinheiro é capaz de realizar sonhos, desenhar projetos de vida e, apoiado em opções de crédito, vencer dificuldades ou ter uma vida melhor. De outro lado, quem tem dificuldades com suas finanças pode ter problemas seríssimos nas suas relações pessoais, ser impedido de exercer seu trabalho, ter que vender bens e, no limite, pode até adoecer.
O segundo elemento da cidadania financeira, tem a ver com a máxima: “o limite dos meus direitos está no início do direito do outro”, seja ele um indivíduo, uma empresa, o Estado ou qualquer ator da sociedade. Assim, a cidadania financeira plena existe quando há um equilíbrio entre direitos e deveres nas relações que temos com o dinheiro.
A cidadania financeira tem quatro grandes dimensões: inclusão financeira, educação financeira, proteção do consumidor e participação no diálogo do Sistema Financeiro.
1 – A Inclusão financeira tem tudo a ver com acesso a serviços financeiros adequados ao perfil do consumidor. No mundo moderno e conectado que vivemos é praticamente impossível existir uma plena realização fora do sistema financeiro nacional. Pessoas que têm apenas acessos a dinheiro em espécie não dispõem de uma série de facilidades para gerenciar melhor suas finanças. Além disso, são mais vulneráveis. A tecnologia está pronta para ser o maior propulsor da inclusão, mas para isso o sistema financeiro precisa ser simples, barato e seguro.
2 – Educação financeira existe quando as pessoas conseguem fazer boas escolhas, com autonomia nas suas decisões. Para isso é preciso ter conhecimento sobre produtos e riscos financeiros e assim, enfrentem desafios e aproveitarem as oportunidades de consumo sem serem manipuladas.
3 – Proteção é a dimensão da cidadania financeira que busca criar um ambiente confiável, onde as pessoas não estejam sujeitas a práticas enganosas. Entra aqui importante aspecto que é a solução de conflitos. O objetivo é estabelecer um sistema financeiro que promova relações saudáveis para as pessoas.
4 – Por fim é preciso haver “participação”. As pessoas precisam se envolver e dialogar sobre as regras, práticas e futuro do sistema financeiro. Diariamente, instituições financeiras produzem uma quantidade enorme de informações nos atendimentos a clientes, porém pouco se aproveita dessa riqueza. É preciso usar tecnologia de “big data” para tratar esses dados e transformá-los em conhecimento, e então desenvolver e implementar ações efetivas em prol do próprio sistema.
Cidadania financeira só será real se todas as dimensões forem colocadas em prática. Cada um dentro da sua competência precisa assumir responsabilidades e desenvolver ações que estejam ao seu alcance. A partir da conscientização sobre a importância do planejamento financeiro e dos cuidados com o dinheiro, é possível construir uma sociedade mais equitativa e próspera. Precisamos estancar esse crescente aumento da ignorância financeira, com a certeza de que pessoas mais críticas e preparadas podem ter mais chances de construir um futuro melhor, fazendo assim uma nação mais próspera e feliz.
Por Diogo Angioleti, especialista em finanças e comportamento do Sistema Ailos
Fonte: Cidadania financeira – direitos e deveres das pessoas em relação ao dinheiro